quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Rio de Janeiro oferece apoio a mulheres vítimas de violência.

Por Redação, com ACS - do Rio de Janeiro


Na terça-feira mais de 150 países vão celebrar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, um marco na luta contra os vários tipos de violência a pessoas do sexo feminino. A data escolhida lembra a morte das irmãs Mirabal, assassinadas em 1960 por se oporem à ditadura de Rafael Trujillo na República Dominicana. Desde então, a luta contra a violência à mulher vem crescendo.

No Rio de Janeiro, o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher será lembrado no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, com palestras sobre violência doméstica. Na ocasião, também será exibido um vídeo com o caso da empregada doméstica Sirley Dias, espancada em 2007, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, por cinco jovens de classe alta. Haverá também apresentação de balé e canto. Para finalizar, será realizada uma mesa redonda com autoridades e especialistas no assunto.

Entre as palestrantes estará a médica Angélica Assumpção, coordenadora geral do SOS Mulher – Centro de Atenção Integral à Mulher Vítima de Violência Doméstica e Sexual, programa da Secretaria de Saúde e Defesa Civil que oferece apoio médico, psicológico e assistencial a vítimas do sexo feminino com mais de doze anos.

O único serviço público que atende vítimas de violência doméstica e sexual no Estado foi reinaugurado em março deste ano após a ampliação das instalações. O atendimento é feito de segunda a segunda, 24 horas por dia, no Hospital Pedro II, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Médicos, psicólogas, assistentes sociais, enfermeiras, técnicas de enfermagem e auxiliar administrativo trabalham na unidade e fazem o acolhimento das mulheres que vão lá pela primeira vez e o acompanhamento daquelas que vêem o SOS Mulher como um porto seguro.

Além de encaminhadas pelas delegacias, as vítimas tomam conhecimento do SOS Mulher quando são atendidas no próprio Pedro II em busca de cuidados para os ferimentos causados por seus companheiros ou familiares. O programa também integra uma ampla Rede Integrada de Atendimento, composta por Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher - DEAM, Defensoria Pública, Conselhos Tutelares, Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDIM, e por Casas de Abrigo, para quando a vítima não pode voltar à própria casa.

Estima-se que no Brasil entre 20 e 30 por cento das mulheres denunciam maus tratos e violências sofridas no ambiente familiar. O chamado ciclo da violência começa com depreciações psicológicas, uma forma de fragilizar a auto-estima da vítima. Surge a fase da tensão, caracterizada por pouca comunicação e pelo medo das agressões físicas. Logo vem a etapa da ação, pontuada por explosões de violência e abusos, seguida pela fase chamada lua-de-mel, definida pela reconciliação e pelo aparente fim da violência, perpetuando o ciclo.

– O SOS tem por objetivo fazer com que a mulher consiga enxergar e mudar a forma de encarar a vida, melhorar a auto-estima para poder protagonizar sua vida. É o que chamamos apoderamento, a mulher consciente de sua vida – esclareceu a médica Angélica Assumpção.

Dentre os fatores que desencadeiam a violência, o álcool e as drogas funcionam como verdadeiros estopins da agressão. A faixa etária que mais sofre agressões, de acordo com estimativas do SOS Mulher, varia entre 20 e 40 anos, embora o programa atenda jovens a partir dos 12 anos até vítimas da terceira idade.

Nos casos de violência sexual, as vítimas recebem orientações e tratamento na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), anticoncepção de emergência, aconselhamento sobre aborto legal e, em caso de gravidez, acompanhamento e apoio psicossocial.

A atenção das profissionais do programa para que a vítima náo desenvolva nenhuma DST envolve o acompanhamento semanal da ingestão dos coquetéis antiretrovirais durante 28 dias, e também as orientações de uma enfermeira para que a adesão ao tratamento seja integral.

Estima-se que em 2009 o serviço do SOS Mulher seja levado ao Hospital da Mulher, em São João de Meriti. Os telefones do SOS Mulher, do Hospital Pedro II, são 2299-7825 ou 2299-7809 ou 2299-7810.


http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=146491

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