terça-feira, 2 de março de 2010
ANA BRUNI CONCEDE ENTREVISTA EXCLUSIVA A VERA MATTOS
"As mulheres não querem lutar, querem viver!
Querem que lutemos pelos direitos que temos direito em nossa Cosntituição.
Não é aceitável se falar na violência doméstica !
Temos de acusar os que afligem a Mulher!
O homem: este é o agressor!"
ANA BRUNI CONCEDE ENTREVISTA EXCLUSIVA A VERA MATTOS.
A VIOLÊNCIA AINDA SEM SANGUE TEM CARA NO BRASIL.
Vera Mattos :QUAL A CONDIÇÃO DA MULHER HOJE EM DIA?
Ana Bruni: Desamparada. Abandonada. Discriminada. Humilhada.Desproteg idaS
O Brasil não respeita as Convenções assinadas pela erradicação da Violência contra a mulher. Toma medidas paliativas, mas não com o vigor e seriedade que temos direito.
A mídia não favorece as situações femininas, continuam nos discriminando em nossa posição social e impondo a massa a mulher objeto sexual ou a mulher sofrida.
Não nos respeitam como cidadãs,. Como podemos respeitar os poderes?
Não somos , nem queremos a tarja de vítimas. Somos Mulheres!
Não queremos proteção, exigimos nossos direitos!
Vera Mattos: COMO VC SE SENTE NA CONDIÇÃO DE PESSOA AMEAÇADA?
Indignada pelo silêncio da sociedade!
Esta é a ameaça maior! Que tudo pelo qual passamos continue por outros séculos!
Muitas já caíram, tropeçamos atualmente na poeira delas e para que? Para alcançarmos em 2007 estatísticas de mais mortes? Para acontecer o caso (mais atual) no Pará?
A violência pode ser física,porém a moral a psicológica é irreparável.
Assim nos matam em vida.
O que falta fazerem conosco?
O Brasil tem de por um fim na violência! A chamem de Praga, pois é exterminadora.
Vera Mattos: VOCÊ ACREDITA QUE OS ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS PRESTAM SERVIÇOS A CAUSA DA MULHER?
Ana Bruni: Falando exclusivamente sobre a Violência: Não nos interessa saber se conseguiram resolver assuntos de 100 ou 500 mulheres. As outras milhares em nosso país como ficam? Como sobrevivem ?
Existe por acaso um grupo que pode ter apoio e outro não?
Uma cidade ou capital em especial que as mulheres podem ter mais ajuda? E noutras pequenas comunidades como ficam as mulheres?
Estes órgãos têm o poder, tem recursos e muitos! Que não nos constrinjam a viver em guetos.Quando apelarmos a eles que venham em nosso socorro, que enviem pessoas que possam nos proteger e orientar.
Vera Mattos: O QUE É PIOR: A VIOLÊNCIA FAMILIAR OU O DESCASO DAS AUTORIDADES?
Ana Bruni: A violência familiar existe por causa do descaso das autoridades. Sabem os que nos atingem, que mesmo com a Lei 11.340 serão protegidos por seus advogados e serão agraciados com a morosidade da justiça ( entrega de intimações, etc. ).
Sabem aqueles que mesmo e quando condenados pela lei que voltarão a ameaçar suas vítimas, como de fato acontece.O rigor, a voz da autoridade não existe! È visível, audível o que estes com o poder transmitem para os agressores. Se sente a cumplicidade, é transmitido o sentimento de impunidade. As testemunhas são coagidas, intimidadas.
Quando em desespero manifestamos nosso medo em ser mortas dizem:
“Se a senhora morrer caçaremos os culpados!”
Quando não estamos de acordo com suas atitudes, nos ameaçam de prisão por desacato.
Prevenção não existe. As famosas 48horas para as medidas preventivas não existem!
O medo, o desamparo existe, é real.
Entre a opção de duas violências,familiar ou autoridades: Não existe o pior! Sua vida como mulher é destruída e ameaçada , seus princípios e bases éticas como cidadã despedaçados.
Nada sobra nestas opções.
Vera Mattos: ESTÁ SOB AMEAÇA DE MORTE?
Ana Bruni: Denúncias a integrantes da Polícia Militar , Civil, Órgãos de Segurança e Justiça nunca colheram bons resultados para os que se atreveram a fazê-las.
O resultado do Cala Boca Brasileiros está em nossa mídia . São juízes, advogados, policiais que agem protegidos por seus mantos e emblemas e mancham com sangue e muito sofrimento os juramentos daqueles honrados e íntegros que fazem parte destes órgãos de Segurança e da Justiça.
Existem valorosos e íntegros que combatem pela paz, não violência e pela justiça , mas não podem fazer milagres, não tem condição de irem contra o sistema a qual pertencem são pessoas que tem família, parcos ganhos, não são tão heróicos e destemidos que permaneçam do lado da vítima contra o corporativismo.
Ameaças de prisão, de internação em sanatórios sim. Apelido de um dos que denuncio : Matador
Caso algo me aconteça, será de origem particular ou policial?
Não me protegeram, me difamaram, usaram de abuso e prevaricação, fui agredida, se isto não são ameaças veladas não sei o que são?
Morte ? Já mataram a antiga mulher, esta não ressuscitará jamais. Seu sangue se transformou em lágrimas da mulher atual.
Como me disse uma desembargadora de outro estado;
Lamento Ana
Nem sei o que te dizer!
Vera Mattos:QUAL A SOLUÇÃO PARA SEU CASO? O QUE ESPERA QUE ACONTEÇA?
Em relação às autoridades da Policia Civil e Militar , investigação profunda e que se desculpem comigo oficialmente pelas atitudes , descaso e violência com a qual fui tratada .
Assim solicitei inicialmente em maio de 2006 a autoridade máxima da Policia Militar de
Ilhéus. Recebi desculpas verbais, quando solicitei em ofício se calaram, como calados estão até hoje.
Desejo que a sociedade retome a credibilidade nestes Órgãos. O povo não pode ter medo de denunciar. Policia e Justiça tem o dever de nos acolher, proteger e nos orientar.
Desejo que estes da policia e da justiça sintam que temos confiança na ética e integridade deles.
Que país é este onde o povo tem se defender de criminosos e dos que deveriam te proteger deles?
Vera Mattos: NESTA SEMANA DE ATIVISMO VOCÊ TEM ESPERANÇAS DE QUE ALGO POSSO ALTERAR A SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA ?
A situação na qual me encontro, é a mesma situação que se encontram centenas de mulheres.
Utopia pensar que meu caso teria alguma alteração, enquanto no Pará acontecem desmandos verbalizados na mídia, com aval de mulheres no poder e com a cumplicidade do silêncio da comunidade.
Tenho esperanças sim, que pelo menos estas mulheres que tem o poder e aquelas que comparecem a tantos Congressos, Fóruns e Seminários se unam não só pela voz, mas pelos seus atos em sociedade, que mostrem a cara, que se desculpem pelas suas omissões, que criem realmente um canal aberto, um histórico das muitas que aflitas buscam por socorro.
O 180 atualmente está melhor, no ano passado era um desastre. A mulher tem de ser reconhecida não como uma estatística , mas na sua individualidade.
Não somos todas Anas, ou Marias, existem Veras, Tanias, Lucias, Teresas, Lauras.
Temos nomes e cada qual sua história. Não temos tempo para conversa fiada, pra burocracia. Não temos recursos. Muita tem filhos, precisam sobreviver, se protegerem e aos seus.
Humanidade precisamos. Solidariedade necessitamos.
Uma que cai, que morre, que se suicida, que perde a razão,que vive por anos em depressão é mais uma ferida , uma chaga em nossa pretensa Constituição, aos Direitos Humanos.
Nenhuma pode cair, todas nós unidas devemos sustentá-la e acompanha-la em sua caminhada.!
Vera Mattos: QUE ORIENTAÇÃO VOCÊ PODE DAR A UMA MULHER PARA QUE SUA HISTORIA NÃO VENHA A SE REPETIR?
Não conte com ninguém , nem familiares, nem amigos, nem testemunhas. Conte com você e Deus.
Procure um advogado , vá junto com ele fazer, em caso de violência física, o exame no IML e depois sempre acompanhada vá a Delegacia, DEAM, prestar a ocorrência policial, o famoso BO.
Enquanto as Delegacias não mudarem sua postura em nossa relação, que as mulheres gravem seus depoimentos, como te atenderam, como te trataram. Façam cópias de toda documentação e provas entregues.
Sempre acompanhada de advogado procure o MP imediatamente, nem espere as famosas 48 horas. Em muito menos tempo poderão estar mortas, difamadas, acuadas. Caso não te atendam, entregue um ofício relatando a urgência e perigo da situação
Resumindo: Mulher se proteja de todas as maneiras. Não confie, não espere ajuda, use de todas as armas para que tenha segurança.
Muitas vezes fazem você de BO-BA com a sua BO
Trágico mas é a realidade.
Ana Maria C. Bruni
05/12/2007
Propositalmente, estou repetindo a entrevista. Todos os criminosos continuam impunes.
Absolutamente todos. Em plena semana internacional da mulher eu pergunto o que Cazuza já interrogava:"QUE PAÍS É ESTE?"
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