sábado, 12 de abril de 2008

MULHERES RECEBEM HOMENAGENS DE UM LADO E "PORRADAS" DO OUTRO.


IZA CALBO


Neste sábado comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Em São Paulo, na sexta (7), véspera da data, a polícia mandou prender pais inadimplentes da pensão alimentícia. E são tantos. E foram tão poucos os detidos!

Em Pernambuco, onde a violência contra a “ex-rainha do lar... com avental todo sujo de ovo” é galopante, há o registro de 1.862 homicídios de mulheres entre os anos de 2002 e 2007. Traduzindo: uma média de 310 casos por ano. Antigamente, se diria que PERNAMBUCANO é cabra-macho. Hoje em dia é covarde mesmo.

Na quarta-feira (5), o Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE) analisou 76,4% dessas mortes, visando documentar a situação da violência fatal contra as mulheres no Estado.

O dossiê Caracterização dos homicídios de mulheres 2002-2007 analisou os casos noticiados pelos três jornais de circulação diária do Estado, inclusive nas versões on-line, além de dados oficiais divulgados pela Secretaria de Defesa Social.
O estudo constata os meses de dezembro, janeiro e fevereiro como os de maior número de ocorrências (29%), assim como os finais de semana e as segundas-feiras, contabilizando 52,7% dos crimes.

O maior índice de mortes de mulheres em Pernambuco fica na Região Metropolitana do Recife (62,9%), mesmo este número tendo descrescido em 2006 acompanhado de um crescimento nos casos da Zona da Mata, Sertão e São Francisco.

Com relação aos bairros, nove agregam 21% de todos os crimes estudados, sendo Santo Amaro e Ibura, no Recife, os de maiores índices: 21 e 28 homicídios, respectivamente. Também lá se tem registrado grande proporção de crimes nas vias públicas (12 e 8).

O documento revela ainda uma redução na proporção de homicídios praticados com arma de fogo. Em 2005, representavam 74,5% dos casos contra 64,2% em 2006 e 59,3% em 2007. O perfil dos agressores continua o mesmo da edição anterior do estudo: homens (95%), familiares e conhecidos (82,9%), dos quais 67,8% são companheiros ou ex-companheiros.

Para quem não sabe, o dia dedicado à mulher teve origem a 8 de março de 1857, quando operárias têxteis de uma fábrica de New York entraram em greve reinvidicando diminuição da carga horária diária de trabalho de 16h para 10h. As operárias recebiam menos de um terço do salário dos homens e foram fechadas na fábrica onde iniciou-se um incêndio. Pelo menos 130 mulheres morreram queimadas.

Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women"s Trade Union League, associação para ajudar todas as trabalhadoras a exigir melhores condições de trabalho. Cinco anos depois, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de New York protestando. O motivo: o mesmo das operárias grevistas de 1857. Queriam também o direito de voto. Caminhavam sob o slogan Pão e Rosas. O pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas melhor qualidade de vida.

Na Conferência Internacional de Mulheres realizada na Dinamarca em 1910, ficou decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de março como Dia Internacional da Mulher. A data só foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas em 1975. Demorou, hem?

Bem, em dias modernos, a mulher não fica mais em casa. A maioria são chefes de família e, mesmo assim, ganham menos que os homens nas mesmas funções. A violência é alta agora ou só agora se tornou pública? Obviamente, é mais fácil apostar na segunda opção.

E as punições? São raras. Quando resolve denunciar agressões, a mulher ou volta para casa e toma porrada ou é obrigada a ficar escondida do agressor. Hora de rever comemorações e partir para ações efetivas. Esta coisa de dia é legalzinha, mas não resolve em nada a situações. Mulheres continuam sendo covardemente atacadas como na greve de 1857. E, mesmo poderosas, bom lembrar: ninguém renasce das cinzas.

Minhas flores vão para uma amiga, jornalista e psicanalista, aniversariante do dia 8/03 e com um trabalho muito bonito em várias áreas. Uma delas o combate à violência contra a mulher: Vera Mattos.

Quem quiser conhecer melhor o que esta criatura faz, basta visitar as páginas seguintes:

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=43223444
FÓRUM DE MULHERES DO MERCOSUL
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=17553390
RISCO MULHER BRASIL.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=17539751
MULHERES NA POLÍTICA.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=21504333
FUNDAÇÃO JAQUEIRA


No mais, parabéns a todas nós e aos homens de boa vontade – existem muitos – igualmente conscientes da importância do dito “sexo frágil” e da necessidade de parar de vez com esta violência sem razão, seja porque foi dispensado pela companheira – maior parte dos casos – ou porque nasceu HOMEM.

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*IZA CALBO é jornalista e escritora freelancer em Salvador (BA)

http://www.cronicascariocas.com/iza_calbo_0060.html

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